Sucateamento
Cresce preocupação com o acúmulo de correspondências
Um mutirão previsto para Rio Grande nesta segunda-feira gerou mobilização
Gabriel Huth -
O volume de correspondências acumuladas cresce nos Centros de Distribuição Domiciliar dos Correios em Pelotas. Só no da praça 20 de Setembro, por exemplo, a estimativa é de que existam em torno de 50 mil objetos parados. E a tendência é de que a situação se agrave. A projeção é dos próprios trabalhadores, que nas últimas semanas já receberam por duas vezes a determinação de interromper as atividades por aqui e concentrar esforços em Rio Grande.
Foi exatamente o que ocorreu nesta segunda-feira (23). Mas a categoria reagiu e sustentou: em Pelotas, também seria preciso mutirão. Depois de rápida mobilização, pela manhã, a orientação foi de que os carteiros poderiam sair às ruas e cumprir a rotina. "A única saída é contratar", assegura o diretor da subsede de Pelotas, do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect-RS), Henrique Torales.
O cenário, entretanto, não é nada favorável. Desde 2011, não há contratações e a equipe não para de encolher em todo o país. Só nos últimos três anos, são em torno de 15 mil carteiros a menos no Brasil. E se o número atual de 105 mil trabalhadores já é insuficiente, a expectativa é de que fique ainda pior. "Eles querem chegar a 80 mil trabalhadores; número ideal para poderem privatizar os Correios", defende o líder sindical.
Não às entregas alternadas
O cenário já é ruim. Mas pode se agravar. Quem assegura é a própria categoria. E para dar sustentação à afirmativa, os carteiros disparam críticas ao sistema de entregas alternadas, que começou a ser implementado há cerca de um mês em todo o país. Na prática, um único profissional passa a atuar em duas zonas e, claro, a demanda fica represada.
E se a pressão já é grande dentro e fora da empresa - devido à sobrecarga de trabalho e as cobranças da comunidade em ter as correspondências entregues em dia -, a expectativa é de que o nível de esgotamento se eleve. "É uma situação descabida, desumana. Como o pessoal não vai adoecer?", questiona uma das servidoras, que prefere não se identificar. E, em tom de desabafo, amplia o coro a favor de concurso público, que supra o antigo déficit de pessoal.
A estimativa é de que só na área de cobertura da região, aproximadamente 50 carteiros precisariam ser chamados; em torno de 20 para Pelotas, 15 para Rio Grande e o restante distribuídos por outras cidades da Zona Sul e da Campanha - destaca Henrique Torales.
Segurança no transporte é o mínimo
A categoria conhece a necessidade dos colegas de Rio Grande, mas ainda assim enfatiza: transferir equipes para mutirão está longe de ser solução definitiva. Não passaria de medida paliativa. E mais: para se deslocarem a RG, os Correios deveriam assegurar as viagens dos servidores em veículos próprios ou devidamente locados para atender a empresa. No começo deste mês, quando concentraram esforços na Noiva do Mar, parte dos veículos que os conduziu até lá seriam particulares.
A posição dos Correios
Em nota, via assessoria de Imprensa em Porto Alegre, a direção dos Correios garantiu que a demanda de entrega em Pelotas já está controlada e que o chamamento para o mutirão em RG teria ocorrido na modalidade de convite e não de convocação. A direção ainda defendeu o sistema de entrega alternada, que otimizaria o uso do tempo.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário